A brisa acariciava seu rosto enquanto caminhava nas águas plácidas do mar. Um sorriso calmo lhe emoldurava o rosto, formando uma pintura perfeita com o reflexo prateado da lua. Não podia negar que aquela praia lhe trazia muitas lembranças. Lembranças dele.
Lembranças do tempo de menina: quando esculpiam a areia em busca do castelo perfeito; quando se aventuravam nas águas claras sem se importar com a temperatura.
Lembranças da adolescência: quando andaram pela primeira vez com os dedos entrelaçados vendo o pôr do sol; quando trocaram o primeiro beijo e tantos outros depois; quando se encontravam as escondidas durante a semana quando deveriam estar estudando.
Lembranças da juventude: quando ele desajeitadamente lhe pediu em casamento e do sorriso surpreso que deu quando ela disse sim; quando discutiram sobre a compra da casa, dos móveis, do carro e dos biscoitos; quando abriram junto o resultado do exame e do misto de emoções ao descobrir que não estava grávida, nem na primeira e em nenhuma das vezes seguintes.
Sim, naqueles grãos de areia estava escrita a história dos dois, talvez por isso que ela, inconscientemente caminhara para ali, trazendo para aquele canto do mundo mais uma página da vida dela, deixando que as águas lambessem de seus pés os últimos vestígios do sangue com que escrevera o parágrafo da morte dele.
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