domingo, 18 de julho de 2010

"A Noite Escura e Mais Eu" de Lygia Fagundes Telles

.o O o.
A Noite Escura e Mais Eu
Lygia Fagundes Telles


TELLES, Lygia Fagundes. A Noite Escura e Mais Eu. Nova edição revista pela autora. São Paulo: Companhia das Letras. 2009. 108 p.

SOBRE A AUTORA
     Quarta filha do casal Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, nasce na capital paulista, em 19 de abril de 1923, Lygia de Azevedo Fagundes, na rua Barão de Tatuí. Seu pai, advogado, exerceu os cargos de delegado e promotor público em diversas cidades do interior paulista (Sertãozinho, Apiaí, Descalvado, Areias e Itatinga), razão porque a escritora passa seus primeiros anos da infância mudando-se constantemente. Acostuma-se a ouvir histórias contadas pelas pajens e por outras crianças. Em pouco tempo, começa a criar seus próprios contos e, em 1931, já alfabetizada, escreve nas últimas páginas de seus cadernos escolares as histórias que irá contar nas rodas domésticas. Como ocorreu com todos nós, as primeiras narrativas que ouviu falavam de temas aterrorizantes. É membro da Academia Paulista de Letras desde 1982, da Academia Brasileira de Letras desde 1985 e da Academia das Ciências de Lisboa desde 1987.

SOBRE O LIVRO
     O livro cujo título foi inspirado num poema de Cecília Meireles, é composto por nove contos:
  1. Dolly 
  2. Você não acha que esfriou? 
  3. O crachá nos dentes 
  4. Boa noite, Maria 
  5. O segredo 
  6. Papoulas em feltro negro 
  7. A rosa verde 
  8. Uma branca sombra pálida 
  9. Anão de jardim 
     Todos são contados em primeira pessoa e destes nove contos, sete são contados pelo ponto de vista de mulheres das mais diversas idades. Já "O crachá nos dentes" é contado pelo ponto de vista de um cachorro e "Anão de jardim", pelo ponto de vista de um, bem, anão de jardim. O que mais me encantou em todos os contos é que nenhum deles a principal preocupação é contar uma história, neles o importante é ressaltar como a personagem se sente naquele momento de solidão, desamparo, medo.
     Outro ponto fantástico dos contos é a forma como os pensamentos se desenrolam, me identifiquei totalmente como pode-se chegar de um ponto a outro aparentemente sem ligação, mas que na linha de pensamento faz todo o sentido.
     E ao ler, no fim do livro, uma análise feita por Fábio Lucas é que me dei conta de um aspecto muito interessante também dos contos. Assim como a narrativa não é o objetivo do conto, ter finais felizes também não é. Não importa nem se busca que a personagem tenha uma inspiração ao término da história e se sinta melhor com aquela situação, nem que escape de um destino que parecia certo. Importa sim, os sentimentos delas naquele recorte temporal, sejam meninas, jovens, idosas. Um livro de contos para se ler, reler, pensar, degustar.

FRASES
"O noivo da Matilde disse que três motivos podiam provocar um crime assim, ela esqueceu o terceiro mas não tem terceiro, o motivo é um só, a crueldade a crueldade a crueldade." p.25

"Era alto demais o preço para escamotear a velhice, neutralizar essa velhice - até quando? Por favor, quero apenas assumir minha idade, posso?" p.46

"Entraram pela fresta, bisbilhotaram o avesso da pedra e depois saíram obedecendo a mesma formação, além de disciplinada a formiga é curiosa e essa curiosidade é que a faz eterna." p.105

3 comentários:

  1. Oummm! Faz tempo que não leio nada dela.
    Desde a faculdade.
    Preciso ler.

    Beijos.

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  2. Esse é aquele livro estava me falando? Gostei das frases que você selecionou... Agora fiquei na vontade.
    Beijos!

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  3. Exatamente esse que te falava! Fazia muito tempo que havia lido algum livro da Lygia Telles e mais uma vez me surpreendi com os contos desse livro! Ela é fantástica!

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