Nesta terça-feira, dia 23 de março de 2010, minha querida Florianópolis completará 284 anos. O primeiro povoado propriamente dito, chamado então de Ilha de Santa Catarina e posteriormente de Nossa Senhora do Desterro, foi fundado pelo bandeirante Dias Velho que na ilha aportou por volta de 1675, dito destemido por querer desbravar uma terra cobiçada por piratas. E, de acordo com o historiador Evaldo Pauli, foi deste pequeno povoado que surgiu todo o Estado de Santa Catarina.
E nessa ilha com pouco mais de 430 m2 de área, cada rua, esquina, praça, praia, fortificação tem uma história que vale a pena ser contada. Uma capital que nunca foi a maior cidade do Estado, nem em área nem em população. Uma capital em que a população não perde a simplicidade, onde as pessoas ainda se encontram para discutir política no "senadinho" (uma esquina em particular da Rua Felipe Schmidt), onde todas as tardes se encontra gente jogando dominó no Largo da Catedral, onde levar o curió ou o coleira pra dar uma volta pelas ruas é algo banal, onde se gosta de comprar peixe direto dos pescadores no fim do arrastão da rede, onde se vai na Festa da Laranja, mas que a última coisa que se encontra lá é a referida fruta, onde "descer" e "ir lá em baixo" são sinônimos de ir ao centro da cidade, onde sempre se encontra gente sentada lendo jornal sob a centenária figueira da Praça XV de Novembro.
E a figueira... Ainda hoje me lembro do primeiro passeio da escola para visitar o centro histórico da cidade. Com certeza não foi a primeira vez que passamos ali, mas foi a primeira vez que ouvi a história daquele lugar. Não lembro das exatas palavras da professora, mas lembro do encantamento que senti, como desde então aquela árvore pra mim passou a representar o coração da cidade. Uma árvore que foi transplantada do pátio da catedral pro centro da praça, que não suporta o próprio peso dos galhos, cuja lenda diz que era ponto de encontro das bruxas que habitavam a região, que até hoje atrai turistas que ficam dando voltas ao seu redor como forma de pedir que um dia voltem pra cá...
É melhor eu parar... Não tenho como ser parcial quando falo de minha cidade e já devo estar sendo redundante. Me faltam palavras, mas sobram sentimentos e as lágrimas já me enchem os olhos. Só me resta repetir o que cantou Zininho, compositor do hino da cidade - Rancho de amor a Ilha, "jamais algum poeta teve tanto pra cantar".
Nenhum comentário:
Postar um comentário