quarta-feira, 28 de abril de 2010

Zumbis também são gente

Eu ainda mal consigo acreditar, mas ganhei o concurso da intrínseca de "Zumbifique um livro". Não que eu não achasse que o texto estava legal, mas nunca imaginei que iriam selecionar o meu! Bem, praqueles que não leram o texto que enviei (adaptação do livro "O dilema do onívoro"), posto aqui:

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O dilema do zumbi

Em alguma medida, a questão de saber o que vamos comer na próxima refeição toma de assalto todo zumbi, e tem sido sempre assim. Quando comemos nossa própria fonte de multiplicação da espécie, decidir o que se deve comer irá necessariamente provocar ansiedade, sobretudo quando algumas das comidas à nossa disposição têm o irritante hábito de tentar arrancar nossas cabeças na busca de liberdade.

Se antes cada um de nós precisava lidar com este dilema decidindo por si próprio se o melhor seria comer o tigre ou o caçador, hoje em dia, quando conseguimos estabelecer um convívio harmônico entre os de nossa espécie, contamos com aqueles que criam manadas de seres humanos, seja em semi-liberdade ou em confinamento para abastecer as cidades de nossa principal fonte de proteína, na maioria das vezes não precisamos ir à caça, nem enfrentar humanos rebeldes, basta irmos ao supermercado e pegar um pacote de pernil humano e uma garrafa de um bom sangue fermentado para termos uma refeição satisfatória.

Mas a lenta reprodução da espécie (cada fêmea, em situação natural, pare apenas um filhote por ano), fez com que quantidades cada vez maiores de hormônios fossem injetados nessas manadas, fazendo com que as fêmeas passassem a parir uma média de três filhotes/ano.

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Chegaram os livros! As capas são lindas! E mais marcadores de página pra minha crescente coleção!



sábado, 24 de abril de 2010

E viva o livro!

Ontem foi o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor. O dia 23 de abril foi escolhido pela UNESCO porque esta data marca o nascimento ou falecimento de diversos autores, destacando Cervantes e Shakespeare.

Este dia começou a ser comemorado na Catalunha, como Dia do Livro Espanhol, celebrando Cervantes, e passou a ser tradição presentear livros nesta data. Como seria bom se aqui tivéssemos essa tradição também, não acham?

Até pensei em fazer esta postagem ontem, mas, pelo menos por aqui, o dia estava como na música de Djavan: "Um dia frio / Um bom lugar pra ler um livro". Então, depois da labuta diária e de jantar, foi o que me propus a fazer.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Vinte Mil Léguas Submarinas" de Júlio Verne

Desafio Literário: META 3: um clássico da literatura universal

.o O o.
Vinte Mil Léguas Submarinas
Júlio Verne


VERNE, Júlio. Vinte Mil Léguas Submarinas. 2.ed. São Paulo: Editora Martin Claret. 2009. 404 p.
Tradução: José Gonçalves Vilanova

SOBRE O AUTOR
     Júlio Verne é francês e é um dos autores mais traduzidos do mundo. Escreveu inúmeras aventuras ao redor do mundo, apesar de se dizer que ele próprio nunca saiu da França. Em seus romances previu diversas inovações tecnológicas, desde o submarino (no caso do livro em questão), até a televisão e as viagens espaciais; mas sempre afirmou que nada disso eram invenções suas, apenas extrapolações dos desenvolvimentos científicos de sua época.




sábado, 17 de abril de 2010

1a, 2a ou 3a pessoa?

Ao escrever um texto às vezes a voz da narração vem naturalmente, mas as vezes fica a dúvida: narrador em que pessoa usar? Claro que as divagações a seguir não tem nada de técnico, nem algum estudo por trás. São apenas minhas impressões a partir de textos que li e escrevi...

O narrador em primeira pessoa é aquele que participa da história. Bom, se é a própria personagem contando sua própria história então a escolha desse narrador implica que o leitor só vai ver o que o narrador-personagem vê, o ponto de vista de quaisquer outras personagens vão ser descartados, assim como qualquer tipo de explicação do enredo que se mostre necessária, a menos que essa explicação surja num diálogo ou numa divagação da personagem. O que pode ser um empecilho, dependendo da história passa a ser o ponto forte. Esse narrador possibilita que se explore profundamente o que o personagem sente, as atribulações, dúvidas, angústias, todo e qualquer sentimento pode e deve ser explorado. A descrição fica de lado, a menos que o personagem, por algum motivo qualquer, esteja observando o lugar.
Exemplo: Ao me deparar com a porta toda o medo se foi. O tremor que me acometeu durante todo o caminho até ali parecia agora um sonho distante. Não que o nervosismo tivesse desaparecido, mas agora ele me impulsionava a estender a mão para abrir aquela porta. Sorri ao me dar conta, à medida que as roldanas rangiam sob o peso da porta, que não tardaria a descobrir o que quer que me esperasse do outro lado. Sorria porque pela primeira vez ansiava por aquela descoberta. Sorri porque pela primeira vez desde que recebera aquele envelope, tomava um passo por algo além do que simples instruções de um desconhecido; abria aquela porta por mim.
 Já o narrador em terceira pessoa é aquele que conta a história de outro personagem. Isso permite que se visite diversos personagens, mostrando os percalços de cada um. Também possibilita que se mostre os arredores que passam despercebidos pelo personagem, descrições de lugares e situações que podem ser importantes, seja para situar o leitor no lugar onde ocorre a história ou para mostrar uma cena importante que o personagem não teria como notar, mas que pode influenciar a história de alguma forma. O narrador em terceira pessoa pode ser onisciente, portanto pode sim explorar os sentimentos das personagens, mas dificilmente o fará com a mesma profundidade que um narrador em primeira pessoa.
Exemplo: O medo que ela sentira até então sumira ao se deparar com a porta. O nervosismo continuava, mas não mais a impedia de agir, muito pelo contrário, agia como combustível para que seguisse em frente, para que estendesse a mão e abrisse aquela última barreira para o desconhecido. Há medida que as roldanas rangiam ao abrir da porta, denunciando a falta de uso ao longo de décadas, ela sorriu. Sorriu porque logo descobriria o que estava oculto atrás daquela pesada chapa de ferro, mas sorriu, principalmente, porque desde que assumira aquela missão, tomava um passo que era seu, porque sim, surpreendentemente, ela queria abrir aquela porta, queria enfrentar o que quer que fosse. Talvez, se soubesse o que realmente a aguardava do outro lado mudasse de idéia, mas apenas descobriria isso quando fosse tarde demais para recuar.
E, por fim, o narrador em segunda pessoa; por mais que muitos queiram dizer que não existe, esse narrador pode sim ser utilizado. Essa narração deve fazer com que o leitor seja a personagem que narra a história. É mais utilizado em textos de RPG, onde o mestre utiliza este estilo de narração para situar as personagens, mostrar onde estão, o que vêem, sentem e tudo mais que for necessário; mas não se restringe a isso. Fiz minha lição de casa antes de fazer esse post: li o livro "Aura" de Carlos Fuentes. Esse livro é escrito totalmente em segunda pessoa. Esse narrador precisa, portanto, descrever: descreve o local onde o leitor-personagem está, o que aquele lugar lhe faz sentir, como as demais personagens o influenciam. Pessoalmente, acho que a principal dificuldade desse tipo de narração é que, para a leitura ser realmente prazerosa, o leitor deve entrar de mente aberta para se colocar no lugar da personagem.
Exemplo: Você avançou tropegamente pelo corredor lamacento e mal cheiroso. As pernas bambas pelo nervosismo que lhe dominava, o que apenas fez com que demorasse mais a vencer os poucos metros que o distanciavam daquela porta de metal. Mas ao se deparar com aquela barreira física entre o conhecido e o desconhecido, os sentimentos que o dominaram até então se transformaram em combustível para que seguisse em frente. Ao colocar a mão na maçaneta da porta, você finalmente se dá conta de porque está fazendo aquilo, descobre que mesmo que não tivesse achado aquela carta, mas sabendo o que hoje sabia, ainda estaria ali. Você sabe que precisa abrir aquela porta. Não pelo desconhecido, mas por você mesmo. Sorri ao ouvir a porta gemer sob seu próprio peso. A última barreira se foi, agora você sabe que só resta avançar e é o que faz.
Claro que essas descrições não são uma palavra final sobre o assunto. A escolha do tipo de narrador é uma ferramenta que o autor pode usar ao seu bel prazer. A série Harry Potter, por exemplo, é escrita em terceira pessoa, mas segue um único personagem, ela não se importa em descrever nada além do que acontece com Harry, exceto em alguns poucos capítulos (salvo engano em apenas três). Já na série Crepúsculo, que é em primeira pessoa, quando ela resolveu que não queria ver a história pelo ponto de vista da Bella (em Amanhecer) ela simplesmente contou pelo ponto de vista de outro. Coisa semelhante acontece na Trilogia Bartmaeus, onde há alternância entre os pontos de vista, ora contando pelo olhar de Bartmaeus ora pelo olhar de Nathaniel, mas sempre em primeira pessoa.

Enfim, não acredito que um narrador seja melhor que o outro, cada história pede que seja utilizado um narrador diferente. Cada um vai permitir que se explore coisas diferentes na história. Se não for evidente qual o melhor a ser usado, talvez seja bom tentar escrever um pedaço da história em cada um deles e ver qual parece mais adequado; qual deles realmente ajuda a expressar o verdadeiro sentido da história.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O importante é ler

Há algum tempo encontrei um texto atribuído a Luiz Fernando Veríssimo que achei ótimo, digo atribuído porque muito se diz que foi ele ou o Jabor que escreveu e que não foram... Mas de qualquer forma, transcrevo abaixo:

Ler é o melhor remédio
Leia Jornal
Leia outdoor
Leia letreiros da estação de trem
Leia os preços do supermercado
Leia alguém
Ler é a melhor comédia
Leia etiqueta jeans
Leia histórias em quadrinhos
Leia a continha do bar
Leia a bula de remédio
Leia a página do ano passado perdida no canto da pia enrolando chuchus(...)
Leia a vida...
Leia os olhos, leia as mãos, os lábios e os desejos das pessoas
Leia a interação que ocorre ou não entre física, geografia, informática, trabalho, miséria e chateação
Leia as impossibilidades
Leia ainda mais as esperanças
Leia o que lhe der na telha, mas leia e as idéias virão.

E nessa onda de ler o que der na telha, ler onde puder e onde quiser, porque não ler de qualquer forma possível? Fiquei entusiasmada hoje quando recebi o e-mail da Livraria Cultura informando que começou a vender e-books (aqui). Como eles mesmo dizem, o importante é ler. Não importa o que, nem onde, nem como.

Sim, eu adoro o cheiro dos livros, o toque do papel e ter aquela estante cheia de volumes. Mas eu também sou partidária da defesa do meio ambiente e, convenhamos, que os e-books vão diminuir as derrubadas de árvores para fabricação de papel e se as empresas que geram os e-books e os leitores também tiverem consciência de impacto ambiental seria uma boa saída para o planeta que pede socorro.

Até hoje não aderi ao e-books por uma razão que sei que muitos compartilham: ler no computador é horrível! A luminosidade machuca os olhos, isso sem contar a posição que se tem para ler. Mas quando chegarem os e-readers no Brasil, pode ter certeza que serei uma das que vai aderir. Tela própria para leitura, feita de "papel eletrônico", portátil e onde cabem todos os livros que quiseres ler! Li até uma reportagem onde havia um modelo que respondia ao gesto de virar as páginas e tinha capa como um livro comum. Quem sabe a Cultura estar começando a vender os livros não incentive as empresas a vender os leitores, certo?

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